Para quem não sabe, estou indo para a Escandinávia antes do Neto e do Gui. Hoje eu começo minha contagem regressiva: um mês.
Um mês para partir e deixar para trás os olhares curiosos cheios de dúvidas quanto ao sucesso da nossa viagem. Um mês para aterrissar em terras frias, desconhecidas, de pessoas reservadas. Um mês para deixar tudo pra trás e expandir os horizontes. Um mês para sentir novos gostos, aromas, olhares, calor humano e aquela neve chata caindo no olho e o nariz escorrendo o tempo todo.
Tendo viajado outras vezes, enfrentado -30°C – e ficado bêbada sem proteção no frio – e ventos hostis, hoje tenho algumas cicatrizes (literalmente!) para contar história: de como é ruim sentir seus dedos congelados e como uma cerveja japonesa pode ser deliciosa depois de 3 tequilas e uma banda de rock qualquer ao fundo. Sobre NUNCA, EM NENHUMA HIPÓTESE ser sorridente para homens no ônibus de volta pra casa (depois de dormir na casa de amigos dos amigos dos amigos), pois um deles pode ser um mexicano louco que foi soldado no Iraque e que quer mostrar seus dotes bélicos!
Mas SEMPRE, EM TODAS AS HIPÓTESES seja aberto a uma nova cultura. Arrisque-se: novas comidas, novas bebidas, novas amizades. Cresça com a viagem, cresça a ponto de seu espírito aventureiro não caber mais dentro de você.
Apaixone-se.
Apaixone-se pelas paisagens, pelo casal louco tocando violino na praça a -17°C e você acha que devam estar loucos ou muito apaixonados para ter coragem de estar ali te encantando. Isso mesmo: é preciso ter coragem, coragem para não fazer o óbvio, para fugir das rotas comuns, de escolher um país na Europa que quase nenhum turista escolhe.
Tenha coragem de entrar naquela lojinha de geleias tão aconchegante para agradar seu paladar e aproveitar para conhecer a história daquela senhora que perdeu o marido e os filhos em guerras e tornados, mas que hoje vive com um sorriso no rosto, como se toda a felicidade do mundo pudesse caber entre seus lábios e dentes.
E aprenda.
Aprenda com cada embarque de trem, com cada local e museu visitado e pessoas que conhecer. Aprenda a língua local, a ler mapas, bússolas e posicionamento das estrelas. Aprenda que ficar perdido às vezes não é tão ruim assim, perder é se encontrar.
Afinal, viajar é isso: é o amadurecimento da alma, é perceber o quanto somos pequenos nesse mundo tão grande e quão pouco sabemos e o tanto que ainda temos que aprender.
O mundo é grande, aventure-se! Mas lembre-se: o mundo de dentro da gente maior que o mundo de fora da gente. E falta apenas um mês para o mundo de dentro de mim ficar maior que a Via Láctea.