21 de Janeiro
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Como a Camila disse, conseguimos encontrar a Aurora Boreal na primeira noite em Kiruna/Abisko. Depois de tantos contratempos a nossa insistência valeu a pena e somada à bastante sorte conseguimos alcançar nosso objetivo.
Mesmo assim, ainda não estávamos 100% satisfeitos. A Aurora da noite anterior tinha sido um pouco fraquinha e sentíamos que precisávamos tentar mais uma vez, por desencargo de consciência. Consultamos nosso amigo especialista em Aurora (valeu Marco!) e ele nos garantiu uma previsão de atividade boa para a noite. Decidimos ficar.
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Neste meio tempo, a Camila já estava totalmente decidida a ir embora. O frio de -40ºC não a estava deixando muito confortável na própria pele e ela pegou o trem de volta para Estocolmo junto com a Tania, nossa amiga polonesa. Encontramos o albergue marba (by marbarato) e nos hospedamos lá. Descobrimos que luxo não estava incluso no pacote. Teríamos que limpar nossos quartos com aspirador de pó e vassoura além de dobrar todos os lençóis e fronhas e colocar na lavadora antes de sair.
Enquanto isso, conhecemos nossos companheiros de quarto, uma sueca azeda chamada Inge e um coreano gente finíssima de 16 anos chamado Jeong. Convidamos ambos para nos acompanhar na nossa aventura noturna. O Jeong aceitou prontamente, enquanto a sueca (aquela desgraçada) nos aconselhou fortemente a não ir, pois o tempo estava ficando nublado e não conseguiríamos ver a Aurora aquela noite. Ao saber que ainda assim iríamos, falou que era doutora em Aurora Boreal e estava lá fazendo uma pesquisa sobre ela, e que não teria Aurora no dia. Depois dessa patada de lama no sonho decidimos ir assim mesmo, já que o próximo trem só partiria no próximo dia. Ainda bem que não demos ouvidos à ela.
Não precisaríamos pagar outra diária do aluguel do nosso carro. Teoricamente teríamos que entregá-lo às 7 da noite, mas o super simpático funcionário da loja de carros nos falou que ninguém saberia se nós entregássemos durante a noite, ou madrugada, ou antes da loja abrir no outro dia.
Tomamos isto como um sinal de boa sorte e nos preparamos para nossa jornada de Kiruna até Abisko. Colocamos nosso amigo coreano dentro do carro de pneus com espinhos de ferro, vestimos nossas melhores e mais grossas roupas e partimos rumo ao Monte Nuolja. Logo ao sair de Kiruna percebemos que tínhamos feito a melhor decisão das nossas vidas. Depois de uns 25km de estrada o céu já estava límpido e cristalino. E pudemos ver que o que tínhamos visto no dia anterior não era nada comparado ao que estávamos vendo na hora. A Aurora estava forte e não exigia nem que desligássemos os faróis do carro para enxergá-la. Eu mesmo, dirigindo, quase bati algumas vezes, tamanha era a distração com a visão dos céus.
Paramos algumas vezes para fotografá-la, o Guilherme sempre muito emocionado gritando feito torcedor em final de campeonato e eu correndo de um lado para o outro, fotografando e conversando com nosso amigo coreano que tinha acabado de ver a Aurora de graça numa viagem louca com brasileiros que ele nunca havia visto na vida.
Depois de 100km chegamos ao Parque Nacional de Abisko, aos pés do Monte Nuolja, onde estava situada a Sky Station, um posto de observação avançado a algumas centenas de metros de altura no topo, alcançável via teleférico e depois um pouco de caminhada.
Alugamos nossas roupas e descobrimos que é possível sentir calor a -30ºC. Cada bota pesava no mínimo 3kg, sem falar na roupa que era completamente vedada. Um bodysuit completo que nos deixava completamente protegidos do frio e da neve ardente (frio também queima). Criamos coragem e subimos pelo teleférico em direção à escuridão total.
Com poucos minutos o único som a nos acompanhar era o silêncio e a única luz sobre nossas cabeças era a Aurora Boreal, límpida, clara e cristalina. Uma visão para nunca mais esquecer. Subíamos devagar, contemplando a vista, e nem percebemos que o teleférico demorou 30 minutos para chegar ao seu destino final. Enfim lá: Aurora Sky Station. A vista mais incrível de nossas vidas.
De cima do Nuolja poderíamos ver 70% do território da Suécia, se fosse dia. Não esperamos dois minutos: pra que beber café e descansar num lugar aconchegante quando se pode caminhar montanha adentro no meio de neve e breu para fotografar umas luzinhas verdes no céu?
Você pode ver todas as fotos aqui: https://www.facebook.com/media/set/?set=a.345702355571506.1073741841.270517653089977&type=1&l=c05260bc87
Na volta pra casa, mortos de cansaço e com um coreano desmaiado no banco de trás, eu e o Gui conversávamos sobre como descrever o que acabáramos de ver a olho nu, já que as fotos não faziam jus a nem 10% do que a Aurora era de verdade. Não chegamos a um consenso.
Dirigíamos devagar sobre a pista congelada, em silêncio. Na estrada uma poeira brilhante caía sob a luz do nosso farol. Cristais de gelo em suspensão de acordo com o nosso amigo experiente em gelo Marco Brotto. Para nós parecia magia.
Voltamos iluminados.
3 respostas em “Pode chamar a Aurora, aquela linda (dia 2 no pólo norte)”
[…] (continua…) […]
Estou indo a Estocolmo ver o show do U2 em 20 e 21 de setembro, em seguida gostaria de ver a aurora, por favor, me deem dicas e a chance de eu conseguir ver em 2 dias (23,24)
Olá Igor! Uma dica boa: vá no inverno. Em setembro pode esquecer.